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Fábrica Souza Cruz

Uberlândia/MG
1976
 
Projeto construído

EQUIPE ARQUITETURA

Henrique Mindlin Associados S/A

Arquitetura e Planejamento

 

COLABORADORES:

Hircio Fermo de Miranda

Luis Carlos R. Machado

Tereza M. Terra Pinheiro

 

COMPLEMENTARES:

Fernando Magalhães Chacel / Paisagismo

Roberto Thompson Mota / Acústica

Thomas Busby Jordan / Planejamento de refeitórios

 

PROJETO DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS, ELÉTRICAS E MECÂNICAS:

Escritório Técnico MeiliS.C.
 

PROJETOS INDUSTRIAIS:

Cia. Souza Cruz Indústria e comércio

“O plano do Complexo Industrial da Souza Cruz/Uberlândia prevê: Módulo I de fabricação (45.925m²), Módulo II de fabricação (55.525m²) e Armazenagem de fumo (81.614m²).

Os Módulos de fabricação são programados para operação independente, fazendo uso comum somente dos seguintes serviços: Gerência Geral, Administração Central, Contabilidade, Segurança, Cozinha, Portaria, Expedição, etc. Os Armazéns de fumo também têm vida operacional independente podendo fornecer fumo para outras fábricas da empresa, bem como para os dois módulos de fabricação de Uberlândia.

Talvez nenhum campo apresente uma problemática tão variável para arquitetura quanto o industrial.

Encontram-se casos em que predomina a grande composição formal abrigando uma atividade industrial pouco exigente; encontram-se também atividades industriais tão dominantes, que a arquitetura venha a ser puramente eventual. Essa polaridade funcional leva a uma diversidade paralela de atividades mentais entre diretores das empresas industriais, e é tristemente comum o industrial que se contenta com um desumano e precário galpão, desde que suas máquinas possam funcionar.

Liderando um movimento industrial mais moderno, típico de empresários mais esclarecidos, a Souza Cruz demonstrou reconhecer a fundamental importância do fator humano na indústria ao estabelecer, como uma das metas do programa, a criação de boas condições de trabalho para seus operários.

A fabricação de cigarros, meta do projeto de Uberlândia, envolve uma sequência de processos de características extremamente variadas, exigindo condições ambientais diversas, mas sempre em grandes dimensões.

Ao assumir a responsabilidade do projeto arquitetônico, dentro da equipe chefiada pelo Escritório Técnico Eurico Meili de São Paulo, Henrique Mindlin Associados encontrou uma série de conceitos já firmados pela Souza Cruz quanto às unidades administrativas, técnicas e fabris, resultando em unidades construtivas separadas. Da intensiva discussão desses conceitos nasceu o Plano Diretor da fábrica, incorporando todas as edificações e circulação de homens, veículos e materiais; e estabelecendo um zoneamento visando expansões, e segurança e defesa ecológica de toda a área. Acima de tudo, nesse período, desenvolveu-se um entendimento mútuo, uma compreensão interdisciplinar e a consciência de que cada componente do projeto teria que ser projetado de dentro para fora.

No resultado final, nenhum aspecto técnico foi sacrificado. O rigoroso controle financeiro foi mantido (o custo corrigido da fábrica terminou com variação de 5% do custo originalmente previsto), e uma fabrica que se estende por um quilometro aproximadamente, consegue oferece condições ambientais para a totalidade dos operários.

A busca de soluções para problemas setoriais, executada pelo grupo integrado, permitiu o enriquecimento do projeto. A terraplanagem, limitada ao mínimo inevitável, possibilitou a retenção de muitas árvores nativas do solo e a limpeza do sub-bosque que deu de um pasto vizinho para criar uma grande área de parque indígena.

Uma rua particular, porém aberta ao público, isola uma faixa do terreno como reserva para estacionamento e permite que a entrada da fábrica se dê pelo centro do terreno, livrando-a de qualquer influência negativa de potenciais vizinhos futuros. O próprio estacionamento, projetado para execução em módulos, segue uma lei de formação que evita as linhas retas de árvores de sombra e ainda permite o aproveitamento de algumas árvores originais. Essa solução global reduziu sensivelmente a necessidade de cercas, conforme a proposta inicial.

Da mesma forma, a cerca inicialmente exigida entre o centro administrativo e a zona fabril acabou sendo substituída por um lago que integra a área de lazer e ainda serve como reserva de água para os sistemas pressurizados de sprinklers, e hidrantes para a segurança contra incêndios.

Filtros, dutos, pontes rolantes e tubulações ofereciam elementos industriais com estética própria que, no desenvolvimento conjugado, podiam ser integrados na composição. Sua dinâmica e aparente espontaneidade completam uma imensa variedade de incidentes visuais, juntando-se com a firme utilização de cores fortes e a presença permanente do paisagismo para manter interesse e “senso do lugar”, dentro de um conjunto homogêneo e disciplinado.

A mesma filosofia levada aos interiores, quer sejam fabris, quer sejam administrativos, cria ambientes distintos e apropriados para suas funções, utilizando sempre soluções simples, diretas e sem artifícios.”

 

Revista PROJETO nº 20, Maio 1980, pág 13-18.

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